sábado, 12 de janeiro de 2008

Ossos do ofício...

Ao desenvolver a investigação para a minha tese de mestrado, várias são as peripécias que se me vão acontecendo na busca inssaciável por fontes que me permitam desenvolver trabalho. Sinceramente, fazer história no nosso país não é fácil. Ficam alguns exemplos do quanto esta é uma árdua e difícil tarefa:
- Na Biblioteca Nacional:
"Bom dia, queria ver por favor o Diário do Governo de 1940 em diante.
Muito bem é só preencher a requisição e esperar."
Para quem não sabe, na Biblioteca Nacional é-nos permitido guardar os periódicos que estamos a ver de um dia para o outro para não estar a perder tempo na próxima consulta. Passados cerca de 20 minutos de espera vem o químico da requisição ao meu lugar com a indicação de que o que eu já tinha pedido estava já requisitado. Eis senão quando olho para o balcão onde se guardam os periódicos e vejo um magano (para não lhe chamar outra coisa) a tirar de lá precisamente o que eu queria consultar...
Vá de fazer uma maratona a pé desde o Campo Grande até à Palma de Cima, mais concretamente até à Universidade Católica para consultar legislação tão ambicionada. Nisto reparo que o volume que eu queria ver não estava na estante. Não, aqui não é preciso fazer requisição... Vou perguntar à senhora responsável pelos volumes de legislação onde estava aquele que eu queria ver. "Desculpe mas esse volume está para restauro e só na semana que vem é que está disponível... Mas o que é que precisa de ver? Nós cá na católica temos contrato online do Diário da República e podemos aceder à legislação quase toda. Deixe-me verificar por favor." Seguem-se alguns segundos impacientes de minha parte pois já sabia que aquela responsável pela legislação na católica não sabia que os Diários de Governo só estão disponíveis online a partir de 1960.
"Qual é que é o ano que precisa de ver?
Quero ver a década de 40 por favor.
Pois, online só temos a partir de 1960..."
Moral da manha perdida em busca de legislação da década de 40: tenho de ser o primeiro a chegar à Biblioteca Nacional para conseguir o que quero mas corro o risco sério de algum gajo já a ter requisitado nos dias anteriores e ainda a esteja a ver.
Segundo, nunca confiar totalmente nas responsáveis do arquivo de legislação que possívelmente sabem menos que nós próprios daquilo que têm para disponibilizar...
Lá tive de ir bater os dedinhos em legislação em que cronológicamente não vinha no encadeamento do que estava a consultar...

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo contigo quando dizes "não é fácil fazer história neste país". Aliás, as ciências sociais e humanas em Portugal carecem de reconhecimento e aceitação pois são úteis para o desenvolvimento do nosso país. Compreender a História é garantir informação para estar precavido e consciente dos desafios que o futuro nos coloca.

Compreendo perfeitamente a tua frustração no que toca à garantia e consulta de certas fontes indispensáveis para uma investigação a este nível. Embora não conhecendo o panorama na BN, sou aluno da muy nobre UCP e, mesmo assim, estou solidário com as tuas farpas à organização de uma das bibliotecas universitárias mais bem conceituadas da nossa academia.

Faço um apelo à tua bravura, preserverança e paciência e que recordes as palavras da tua orientadora, sempre assertivas e experientes. A elaboração de uma Tese de Mestrado é uma grande batalha, por vezes faraónica. Estando em Portugal, não tendo grande reconhecimento pelos seus jovens académicos, já sabes como é...

Um abraço!

André