domingo, 2 de setembro de 2007

Morre Lentamente...

"Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem destrói o seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajecto, quem não muda as marcas no supermercado, não arrisca vestir uma cor nova, não conversa com quem não conhece.Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar."

Neruda

1 comentário:

Anónimo disse...

Excelente passagem do grande Neruda.
Gostei imenso de ler.

Somos seres vivos, mostremos, então, essa vivaciadade, essa vivência, essa frescura, essa vontade!

Apetece-me dizer duas coisas:
"não há machado que corte, a raíz ao pensamento" e "da liberdade é do que eu falo, só não a tenho quando me calo..."

Um grande abraço Mestre Pedro